DIÁRIO DE BORDO
JIPE NOEL 2008 - 20/12/2008.
O formato do jipe Noel este ano foi diferente, é de praxe sair com brinquedos por ruas distantes ou até mesmo de difícil acesso e fazer a criançada que encontrarmos pelo caminho feliz, mas, o C1 como sugestão falou da Instituição Helen Drexel e foi logo aceita por vários integrantes do grupo, fazer num ambiente fechado, comprarmos brinquedos de melhor qualidade e até mesmo termos mais segurança, pois por dois anos rodamos no meio de favelas, foi o que acredito o mais pesado nesta decisão.
O Jipe Noel foi comemorado num sitio, Sítio do Hideki no Jardim Eliana zona Sul de São Paulo pra ser mais exata, Hideki é um “amiganjo” do C1 e Leila.
Todos os anos C1, Hideki e vários amigos ajudam a Instituição Helen Drexel, esta Instituição abriga crianças que por vários motivos são deixadas aos seus cuidados. Não é um orfanato em si e sim lares com mães sociais que cuidam de até 15 crianças em cada casa, fazer um lar o mais normal possível é sua meta.
Com o empenho do C1, Leila e Hideki, a meta de R$ 16.000,00 foi alcançada, com muito suor, afinal uma arrecadação destas não é pra qq um não. A Estilo 4x4 este ano foi bem menos caridosa, mas mesmo assim contamos com a ajuda de amigos irmãos e chegamos à marca de R$ 2.400,00.
Cheguei ao Sítio por volta das 11:00hs, eita lugar longe kkkk, as crianças já corriam pelo gramado, mesas fartas estavam à disposição. Carrinho de cachorro quente, hambúrguer, esfihas, algodão doce, salgadinhos diversos e quentinhos vinham da cozinha à toda hora, pão de queijo, bolos, docinhos, brigadeiros, refrigerantes, ufa, engordei uns 5kgs de tanto que comi! Kkk
A turma do Curumim ficou o tempo todo animando a garotada, dança, brincadeiras e gincanas não davam tempo para descansarem, mas, quem queria descansar?
Tivemos música ao vivo com uma dupla caipira amigos do Hideki. Tivemos um concerto com violino.
Brincamos no campo de futebol, jogamos vôlei, fizemos bolinha de sabão, soltamos pipa, e até castelinho de areia conseguimos construir, pra falar a verdade acho que foi o mais gostoso, a molecada se acabou no monte de areia que estava quietinho num canto, as crianças pequenas saiam de lá com areia até nos olhos kkkk
Das 10:00hs até ás 16:00hs foi comilança e brincadeiras, a Leila só trabalhou, de Leila Furacão passou a ser Anastácia kkkk, deixou o C1 cuidando da Carolzinha, kkkkk, o coitado trabalhou, como trabalhou! Kkkk.
As 16:00hs começamos os preparativos pra chegada do Papai Noel, empilhamos 90 kits contendo 01 cobertor, 01 jogo de lençol com 3 pçs, 01 toalha de banho e 01 de rosto, e outro kit contendo 01 calçado, 01 conjunto calça/camiseta ou saia/blusa ou vestido dependendo da idade, 01 brinquedo e 01 chinelo.
A entrega foi longa, afinal o momento precisava ser registrado, não é todo dia que tem Papai Noel dando tanto presente.
Correu tudo como esperado, contamos com a presença de vários amigos do C1, Leila e Hideki. A família Prego, Zé, Rita. Eu e Dani marcamos presença representando a Estilo 4x4.
Às 18:00hs todos partiram para seus lares, mais um natal feliz pra ficar na memória, no coração e nas orações daqueles que recebem de tantos estranhos o que deveriam receber de seus pais.
Mais uma vez venho agradecer a colaboração, o carinho e companheirismo dos colegas que nem participam tanto das atividades no decorrer do ano, mas estão lá quando encho o saco pedindo dindim pra levarmos carinho aqueles que tanto necessitam.
Recebam o meu abraço e meu muito obrigado afinal nada neste mundo faz sentido se
não tocarmos o coração das pessoas. Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também pode crescer com os toques suaves na alma.
Nós ajudamos encher o saco do Papai Noel:
C1 e leila
• Adalberto Rosseto,
• Alex C2, Alfredo Argentino,
• Ana e Lalá, Betão, Carlos Figueira,
• Edu Prego, Fávero, Fernando Possato, Gatoo,
• Glauco, Hafiz, Lili, Luís Bastos, Marcia Colevati,
• Oswaldo Marchetti, Pedro e Mazé, Téo, Thiago C3, Tropeço,
• Zé e Rita.
[]s
Márcia Colevati
sábado, 20 de dezembro de 2008
domingo, 7 de dezembro de 2008
Blumenau - 04/12/08
DIÁRIO DE BORDO
BLUMENAU – SC DE 04 A 06/12/2008.
INTEGRANTES:
Toy Band – João, Lígia – Cabeçudos Off Road
JPX – Paulinho e Magôo – Cabeçudos Off Road
Vitara Papaléguas – Tropeço e Márcia Colevati – Estilo 4x4
JPX – Moa e Sandra – JC Granja Vianna
Toy Band – Ricardo e Ronald - JC Granja Vianna
Troller – Carlos e Kelly – Comando Oeste
CJ – Carioca – Comando Oeste
Samuka – Elton – Comando Oeste
Ranger – (?) - Comando Oeste
Cegonha com 03 viaturas (Não chegaram, ficaram em Curitiba, problemas de comunicação).
O Joãoponeiz recebeu um chamado onde jipeiros de Sampa estavam sendo convidados a ajudar os desabrigados em Blumenau, eles precisavam de jipes para acessar áreas de difícil acesso e desempenhar serviços diversos.
Rapidamente o João contatou os amigos e resolveu seguir viagem. Lígia, Magôo, Paulinho, Márcia e Tropeço aderiram e seguiram para Blumenau na noite de 04/12 quinta feira. A Toy foi rebocando o JPX até o sul aonde chegaram por volta das 7:00hs da manhã, alguns pontos com barreiras fizeram que a viagem durasse 13 horas.
A chegada na cidade já mostrava os problemas que aquele povo passou, vários desmoronamentos, casas caídas, lama, e muito entulho nas calçadas, móveis e madeiras por todo lado. Mas como já era de se prever tudo estava voltando a funcionar, afinal em duas semanas um povo guerreiro como é o catarinense já estava de pé e colocando a cidade no lugar, dentro de suas limitações, mas com muita dignidade e coragem.
Chegamos ao Viena Park Hotel, local onde nos foi reservado suítes sem nenhum custo pelo Dr Marcos (pessoa que solicitou ajuda). Acomodamos-nos e ficamos aguardando orientações. Já haviam chegado ao Hotel o Carioca e Elton, jipeiros do Comando Oeste.
Por volta das 10:30hs seguimos até o Setor 1 onde todos os donativos são recepcionados e é feita a primeira triagem. Reunimos-nos com o Secretário do prefeito o Sr Raimundo, o chefe do Corpo de Bombeiros, o Secretário de Obras, o chefe da Defesa Civil e o Dr Marcos para as devidas orientações.
É nítido o desgaste físico e mental dos chefes envolvidos neste acontecimento, o Sr Raimundo em suas primeiras palavras ficou embargado e mal conseguiu falar sobre o que vem acontecendo em sua cidade, falar em perdas de vida é o mais difícil.
Quando souberam que estávamos chegando, alguns departamentos solicitaram viaturas para alguns serviços e foram designados:
- 03 viaturas para os bombeiros – João e Lígia – Toy / Paulinho e Magôo – Jota/
Ricardo e Ronald -Toy
- 01 viatura para obras – Ranger
- 02 viaturas para a Saúde – Tropeço e Márcia – Vitara / Moa e Sandra - Jota
- 01 viaturas para (?) - Carlos e Kelly – Troller
- 02 viaturas para (?) – Carioca – CJ / Elton - Samuka
As viaturas para a Saúde ficaram aguardando os médicos por um bom tempo e eles não puderam comparecer, aí pedimos serviços e nos foi dado a incumbência de levarmos cestas básicas, brinquedos, leite e água a lugarejos de difícil acesso, mas antes teríamos de passar pelos postos de triagem onde as assistente sociais nos orientariam.
Chegando num destes postos fomos informados que este tipo de serviço não pode ser feito uma vez que as pessoas em dificuldades têm que se cadastrarem num dos postos perto de suas residências e lá retirarem o que for necessário, nada, absolutamente nada é oferecido em domicílio. As família que podem permanecer em suas residências devem retirar os suprimentos nos postos, as família que estão desabrigadas ou desalojadas ficam em alojamento e recebem toda ajuda que necessitam, esta é uma forma de controlar todos necessitados e somente quem realmente precisa é atendido e ainda, quem está em situação de risco deve ser “forçado” a sair de sua residência para evitar o pior, se continuarmos a supri-los incentivamos que fiquem em situações que colocam sua vida em risco.
Eu ouvi de uma assistente social:
“- Aqui nós tratamos as pessoas com dignidade, nada de encher um caminhão e sair distribuindo comida como se alimenta porcos, nos temos que ter controle de tudo que é doado, temos um compromisso com toda população que está nos ajudando e temos que alimentar um povo que está sofrendo com suas perdas, mas sempre lembrar que lidamos com seres humanos que merece nosso respeito.”
É por pessoas como essa senhora que nos faz acreditar que ainda existe forma de ajudar e ter certeza que nossa ajuda encontra o necessitado que a espera.
Fomos encaminhados com as viaturas cheias para um dos postos mais longe para sabermos se ainda podíamos ajudar alguém que morasse em regiões de difícil acesso, carregamos a Ranger com sacos de batatas para também serem encaminhados aos que necessitassem.
Chegando ao posto 11 fomos informados que todas as famílias já estavam abastecidas e que não havia forma de entregar nada à população. Deixamos todo o carregamento dos jipes neste posto e voltamos para o hotel.
Diante de tudo que vimos, resolvemos Tropeço e eu que voltaríamos para Sampa no sábado de manhã, a cidade está bem organizada, todos os envolvidos estão abastecidos, as doações estão sendo bem direcionadas, a vida volta devagar à normalidade, AMÉM!.
João e Lígia, Paulinho e Magoo, Ricardo e Ronald, levaram os bombeiros também de outras cidades que estavam lá na mesma situação que a nossa nos seus jipes até áreas onde havia solicitações de corte de árvores que causariam algum risco, relataram que viram casas destruídas, e situações bem críticas. Trabalharam bastante, fizeram amizades, o Paulinho pra variar “judiou” dos caras contando mentiras sobre grandes salários em Sampa para os bombeiros kkkk e voltaram para o hotel.
Moa e Sandra, Ricardo e Ronald, Carlos e Kelly, Carioca e os outros seguiram para um bar onde tomaram umas cervas e papearam até tarde.
Sábado de manhã eu e Tropeço fizemos as malas e começamos nossa volta para Sampa. Voltamos por Itajaí para ver se alguma coisa poderia ser feitas em Gaspar ou localidades. Na estrada havia muitos desvios por terra onde pudemos ver os campos de plantações de arroz todo destruído pela lama, encostas desmoronadas, várias barreiras nas estradas, um ponto onde houve a explosão de gás e um carro caiu ribanceira abaixo com o desmoronamento da estrada, um morador relatou que o motorista vinha pela estrada, viu a explosão adiante, freou o carro e este começou a cair com o desbarrancamento e ele conseguiu sair antes que caísse tudo abaixo, o veículo ainda está lá embaixo, dentro do rio e cheio de lama, acho muito difícil conseguir tirá-lo de lá.
Nossa volta foi tranqüila e chegamos em minha casa por volta das 19:00hs.
No sábado após o café, João e Lígia, Paulinho, Magôo e Ricardo foram até a base pegar novamente os bombeiros, mas estes felizmente já haviam conseguido uma viatura dos bombeiros e já haviam seguido com a agenda do dia, voltaram para o hotel, fizeram as malas e também voltaram para Sampa.
Moa e Sandra relataram:
A Sandra e eu voltamos ao posto 11 - Abrigo no qual descarregamos a carga na sexta-feira, na manhã de sábado.
Chegamos lá as 08:05h, a pedido da Cleide, assistente social de Blumenau.Saímos com uma carga de leite, bolacha e água, para visitarmos alguns pontos que ela ainda não tinha verificado, e também para checar a informação de uma moradora que estava em área de risco com 3 crianças e não queria sair.
Juntou-se a nós a Assistente Social do Rio de Janeiro, e lá fomos morro acima.
Naquela manhã ouvimos relatos emocionantes dos moradores, uns que saíram de carro com o que puderam carregar, outros que caminharam pela mata da cidade até a montanha para ver se algo tinha acontecido aos parentes que lá moravam, entre outros.
E finalmente, chegamos a casa da senhora que não tinha alimento, e não queria abandoná-la.
Com 3 crianças, tinham medo dos saques, que já ocorreram naquela região. Como vizinha, uma senhora operada, e também sem alimento e condições de sair.
As assistentes sociais conseguiram, em troca do alimento, que ambas fossem para uma outra casa próxima, em local mais seguro. Lá deixamos a carga e retornamos depois com uma cesta básica, que deveria ser dividida entre as famílias.
Foi uma manhã com muita emoção, e embora aquém das nossas intenções, com um sentimento de missão cumprida.
Dispensados pelas Assistentes Sociais, nos despedimos e retornamos ao hotel às 14:00h do sábado, para em seguida empreender viagem a São Paulo.Chegamos em Cotia precisamente às 22:30h.
Nesta viagem notamos que os catarinenses estão recebendo muita ajuda, voluntários de todas as partes estão lá à disposição para o que precisarem. Maquinários de repente seria o mais importante agora, mas tudo tem que caminhar com calma, os serviços estão sendo feitos com sua ordem de urgência, este povo é trabalhador e consciente.
Acredito que as doações deveriam cessar por um tempo e ser mandado somente o que eles determinarem ser necessário para evitar o desperdício, neste momento estão super abastecidos, os problemas seguirão por meses, pois muitas casas terão que ser reconstruídas e muita coisa poderá estragar agora e fazer falta depois.
Fomos trabalhar e não encontramos muito que fazer, mas voltamos com o sentimento de dever cumprido e a certeza de que ajudamos quem realmente merece.
Aos colegas meus parabéns, eita povo raçudo.
Aos catarinenses tiro o chapéu, devem servir de exemplo para todo povo brasileiro.
À todos que nos recepcionaram naquela terra o nosso obrigado, fomos muito bem recebidos.
Corrijam-me nas falhas e acrescentem o que não soube relatar.
Fotos Márcia
http://picasaweb.google.com/marciacolevati/Blumenau4A6122008?authkey=NYJRPmC8020#
[]s
Márcia Colevati
BLUMENAU – SC DE 04 A 06/12/2008.
INTEGRANTES:
Toy Band – João, Lígia – Cabeçudos Off Road
JPX – Paulinho e Magôo – Cabeçudos Off Road
Vitara Papaléguas – Tropeço e Márcia Colevati – Estilo 4x4
JPX – Moa e Sandra – JC Granja Vianna
Toy Band – Ricardo e Ronald - JC Granja Vianna
Troller – Carlos e Kelly – Comando Oeste
CJ – Carioca – Comando Oeste
Samuka – Elton – Comando Oeste
Ranger – (?) - Comando Oeste
Cegonha com 03 viaturas (Não chegaram, ficaram em Curitiba, problemas de comunicação).
O Joãoponeiz recebeu um chamado onde jipeiros de Sampa estavam sendo convidados a ajudar os desabrigados em Blumenau, eles precisavam de jipes para acessar áreas de difícil acesso e desempenhar serviços diversos.
Rapidamente o João contatou os amigos e resolveu seguir viagem. Lígia, Magôo, Paulinho, Márcia e Tropeço aderiram e seguiram para Blumenau na noite de 04/12 quinta feira. A Toy foi rebocando o JPX até o sul aonde chegaram por volta das 7:00hs da manhã, alguns pontos com barreiras fizeram que a viagem durasse 13 horas.
A chegada na cidade já mostrava os problemas que aquele povo passou, vários desmoronamentos, casas caídas, lama, e muito entulho nas calçadas, móveis e madeiras por todo lado. Mas como já era de se prever tudo estava voltando a funcionar, afinal em duas semanas um povo guerreiro como é o catarinense já estava de pé e colocando a cidade no lugar, dentro de suas limitações, mas com muita dignidade e coragem.
Chegamos ao Viena Park Hotel, local onde nos foi reservado suítes sem nenhum custo pelo Dr Marcos (pessoa que solicitou ajuda). Acomodamos-nos e ficamos aguardando orientações. Já haviam chegado ao Hotel o Carioca e Elton, jipeiros do Comando Oeste.
Por volta das 10:30hs seguimos até o Setor 1 onde todos os donativos são recepcionados e é feita a primeira triagem. Reunimos-nos com o Secretário do prefeito o Sr Raimundo, o chefe do Corpo de Bombeiros, o Secretário de Obras, o chefe da Defesa Civil e o Dr Marcos para as devidas orientações.
É nítido o desgaste físico e mental dos chefes envolvidos neste acontecimento, o Sr Raimundo em suas primeiras palavras ficou embargado e mal conseguiu falar sobre o que vem acontecendo em sua cidade, falar em perdas de vida é o mais difícil.
Quando souberam que estávamos chegando, alguns departamentos solicitaram viaturas para alguns serviços e foram designados:
- 03 viaturas para os bombeiros – João e Lígia – Toy / Paulinho e Magôo – Jota/
Ricardo e Ronald -Toy
- 01 viatura para obras – Ranger
- 02 viaturas para a Saúde – Tropeço e Márcia – Vitara / Moa e Sandra - Jota
- 01 viaturas para (?) - Carlos e Kelly – Troller
- 02 viaturas para (?) – Carioca – CJ / Elton - Samuka
As viaturas para a Saúde ficaram aguardando os médicos por um bom tempo e eles não puderam comparecer, aí pedimos serviços e nos foi dado a incumbência de levarmos cestas básicas, brinquedos, leite e água a lugarejos de difícil acesso, mas antes teríamos de passar pelos postos de triagem onde as assistente sociais nos orientariam.
Chegando num destes postos fomos informados que este tipo de serviço não pode ser feito uma vez que as pessoas em dificuldades têm que se cadastrarem num dos postos perto de suas residências e lá retirarem o que for necessário, nada, absolutamente nada é oferecido em domicílio. As família que podem permanecer em suas residências devem retirar os suprimentos nos postos, as família que estão desabrigadas ou desalojadas ficam em alojamento e recebem toda ajuda que necessitam, esta é uma forma de controlar todos necessitados e somente quem realmente precisa é atendido e ainda, quem está em situação de risco deve ser “forçado” a sair de sua residência para evitar o pior, se continuarmos a supri-los incentivamos que fiquem em situações que colocam sua vida em risco.
Eu ouvi de uma assistente social:
“- Aqui nós tratamos as pessoas com dignidade, nada de encher um caminhão e sair distribuindo comida como se alimenta porcos, nos temos que ter controle de tudo que é doado, temos um compromisso com toda população que está nos ajudando e temos que alimentar um povo que está sofrendo com suas perdas, mas sempre lembrar que lidamos com seres humanos que merece nosso respeito.”
É por pessoas como essa senhora que nos faz acreditar que ainda existe forma de ajudar e ter certeza que nossa ajuda encontra o necessitado que a espera.
Fomos encaminhados com as viaturas cheias para um dos postos mais longe para sabermos se ainda podíamos ajudar alguém que morasse em regiões de difícil acesso, carregamos a Ranger com sacos de batatas para também serem encaminhados aos que necessitassem.
Chegando ao posto 11 fomos informados que todas as famílias já estavam abastecidas e que não havia forma de entregar nada à população. Deixamos todo o carregamento dos jipes neste posto e voltamos para o hotel.
Diante de tudo que vimos, resolvemos Tropeço e eu que voltaríamos para Sampa no sábado de manhã, a cidade está bem organizada, todos os envolvidos estão abastecidos, as doações estão sendo bem direcionadas, a vida volta devagar à normalidade, AMÉM!.
João e Lígia, Paulinho e Magoo, Ricardo e Ronald, levaram os bombeiros também de outras cidades que estavam lá na mesma situação que a nossa nos seus jipes até áreas onde havia solicitações de corte de árvores que causariam algum risco, relataram que viram casas destruídas, e situações bem críticas. Trabalharam bastante, fizeram amizades, o Paulinho pra variar “judiou” dos caras contando mentiras sobre grandes salários em Sampa para os bombeiros kkkk e voltaram para o hotel.
Moa e Sandra, Ricardo e Ronald, Carlos e Kelly, Carioca e os outros seguiram para um bar onde tomaram umas cervas e papearam até tarde.
Sábado de manhã eu e Tropeço fizemos as malas e começamos nossa volta para Sampa. Voltamos por Itajaí para ver se alguma coisa poderia ser feitas em Gaspar ou localidades. Na estrada havia muitos desvios por terra onde pudemos ver os campos de plantações de arroz todo destruído pela lama, encostas desmoronadas, várias barreiras nas estradas, um ponto onde houve a explosão de gás e um carro caiu ribanceira abaixo com o desmoronamento da estrada, um morador relatou que o motorista vinha pela estrada, viu a explosão adiante, freou o carro e este começou a cair com o desbarrancamento e ele conseguiu sair antes que caísse tudo abaixo, o veículo ainda está lá embaixo, dentro do rio e cheio de lama, acho muito difícil conseguir tirá-lo de lá.
Nossa volta foi tranqüila e chegamos em minha casa por volta das 19:00hs.
No sábado após o café, João e Lígia, Paulinho, Magôo e Ricardo foram até a base pegar novamente os bombeiros, mas estes felizmente já haviam conseguido uma viatura dos bombeiros e já haviam seguido com a agenda do dia, voltaram para o hotel, fizeram as malas e também voltaram para Sampa.
Moa e Sandra relataram:
A Sandra e eu voltamos ao posto 11 - Abrigo no qual descarregamos a carga na sexta-feira, na manhã de sábado.
Chegamos lá as 08:05h, a pedido da Cleide, assistente social de Blumenau.Saímos com uma carga de leite, bolacha e água, para visitarmos alguns pontos que ela ainda não tinha verificado, e também para checar a informação de uma moradora que estava em área de risco com 3 crianças e não queria sair.
Juntou-se a nós a Assistente Social do Rio de Janeiro, e lá fomos morro acima.
Naquela manhã ouvimos relatos emocionantes dos moradores, uns que saíram de carro com o que puderam carregar, outros que caminharam pela mata da cidade até a montanha para ver se algo tinha acontecido aos parentes que lá moravam, entre outros.
E finalmente, chegamos a casa da senhora que não tinha alimento, e não queria abandoná-la.
Com 3 crianças, tinham medo dos saques, que já ocorreram naquela região. Como vizinha, uma senhora operada, e também sem alimento e condições de sair.
As assistentes sociais conseguiram, em troca do alimento, que ambas fossem para uma outra casa próxima, em local mais seguro. Lá deixamos a carga e retornamos depois com uma cesta básica, que deveria ser dividida entre as famílias.
Foi uma manhã com muita emoção, e embora aquém das nossas intenções, com um sentimento de missão cumprida.
Dispensados pelas Assistentes Sociais, nos despedimos e retornamos ao hotel às 14:00h do sábado, para em seguida empreender viagem a São Paulo.Chegamos em Cotia precisamente às 22:30h.
Nesta viagem notamos que os catarinenses estão recebendo muita ajuda, voluntários de todas as partes estão lá à disposição para o que precisarem. Maquinários de repente seria o mais importante agora, mas tudo tem que caminhar com calma, os serviços estão sendo feitos com sua ordem de urgência, este povo é trabalhador e consciente.
Acredito que as doações deveriam cessar por um tempo e ser mandado somente o que eles determinarem ser necessário para evitar o desperdício, neste momento estão super abastecidos, os problemas seguirão por meses, pois muitas casas terão que ser reconstruídas e muita coisa poderá estragar agora e fazer falta depois.
Fomos trabalhar e não encontramos muito que fazer, mas voltamos com o sentimento de dever cumprido e a certeza de que ajudamos quem realmente merece.
Aos colegas meus parabéns, eita povo raçudo.
Aos catarinenses tiro o chapéu, devem servir de exemplo para todo povo brasileiro.
À todos que nos recepcionaram naquela terra o nosso obrigado, fomos muito bem recebidos.
Corrijam-me nas falhas e acrescentem o que não soube relatar.
Fotos Márcia
http://picasaweb.google.com/marciacolevati/Blumenau4A6122008?authkey=NYJRPmC8020#
[]s
Márcia Colevati
Assinar:
Postagens (Atom)